Nubank saberá hoje se vai se tornar o banco mais valioso da América Latina
Banco digital fundado há menos de dez anos desafiou rivais tradicionais; agora, ao abrir capital nas Bolsas de Nova York e São Paulo, pode ser avaliado em R$ 230 bilhões – à frente do Itaú, hoje líder na região
O Nubank vai se tornar uma empresa de capital aberto, com ações negociadas tanto em Nova York quanto em São Paulo. O tamanho dessa abertura de capital será revelado hoje, quando o preço dos papéis será definido no mercado americano – a negociação começa no dia seguinte. O banco deve ter avaliação acima de R$ 230 bilhões, ficando à frente do Itaú Unibanco, a maior instituição financeira da América Latina, que hoje vale R$ 216 bilhões na Bolsa local. O posto de líder da região, portanto, deve passar também ao Nubank.
Fundada em 2013 pelo colombiano David Vélez, pela brasileira Cristina Junqueira e pelo americano Edward Wible, a companhia conquistou o público com um discurso de transparência. Ganhou corpo rápido e trouxe a reboque diversos concorrentes, que tentam ganhar mercado com os mesmos argumentos de facilidade e flexibilidade em relação aos grandes bancos.
No entanto, a chegada ao pregão da Bolsa de Valores de Nova York não foi fácil. A oferta foi lançada num dos piores momentos do ano. Para viabilizar a operação, o banco foi obrigado a cortar em 20% seu preço para driblar a volatilidade do mercado. O preço da ação, estimado inicialmente para ficar entre US$ 10 e US$ 11, caiu para US$ 8 a US$ 9. Com isso, a avaliação em dólares deve ficar em US$ 41 bilhões, ou cerca de R$ 230 bilhões, considerando o câmbio a R$ 5,60.
Além de cortar o preço, o Nubank costurou com dez fundos estrangeiros, incluindo a Sequoia Capital, uma intenção de investimento de US$ 1,3 bilhão, quase metade do total do IPO, que deverá ficar pouco abaixo dos US$ 3 bilhões. Apesar da redução de expectativas, o IPO é visto como prova de que o Nubank pode, sim, incomodar os “bancões”.
Vélez é o principal acionista da fintech e manterá seu controle após a oferta. De acordo com o prospecto, o executivo terá cerca de 75% do poder de voto do banco do cartão roxo. Em relação ao capital total, Vélez possui 23%, enquanto Wible e Cristina têm, respectivamente, 2,11% e 2,94% de participação.
Rumo ao lucro
Sócio da consultoria Spiralem e especialista no setor de tecnologia, Bruno Diniz aponta que uma das apostas do Nubank para ganhar rentabilidade é em sua corretora, montada a partir da aquisição da Easynvest.
O banco vai permitir que parte de seus clientes compre um total de R$ 200 milhões em recibos de ações (os BDRs) na B3. A estratégia, segundo especialistas, vale tanto como uma jogada de marketing relativa à inclusão de pequenos investidores quanto como uma ponte para dar corpo à NuInvest.
Além da estratégia de investimentos, Diniz afirma que o banco quer criar um ecossistema de serviços – financeiros ou não – aos clientes. “O Nubank vem dando pistas que vai avançar na plataforma de ecossistema para consumo de mais produtos a seus clientes. Isso já deu certo lá fora”, explica.
Olhando adiante: os próximos passos da expansão do Nubank
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Pessoas físicas:
A oferta inicial de ações do Nubank vai ter R$ 300 milhões em papéis destinados aos clientes pessoa física do banco.
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Ganhando escala:
Segundo analistas, é uma forma de a empresa ganhar escala em sua área de investimentos, que ainda é incipiente e foi formada após a aquisição da Easyvest, no ano passado, por R$ 2,3 bilhões.
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Mais serviços:
A exemplo do que vêm fazendo outros bancos e também varejistas, o Nubank deve, em breve, trazer um ‘mix’ de serviços financeiros e não financeiros em sua plataforma.
Fonte: O Estado de S.Paulo
Diretoria Executiva da CONTEC
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