BNDES terá programa para financiar exportações, diz Alckmin na Fiesp
O vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, disse nesta segunda-feira (16), na Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) terá um um programa para financiar as exportações.
Segundo Alckmin, o volume de negócios com o país vizinho caiu de US$ 28 bilhões para US$ 15 bilhões e que uma das razões para essa queda vem do financiamento feito por países como a China para privilegiar esse tipo de negociação.
“A Argentina é o terceiro parceiro comercial brasileiro e é para onde vendemos mais produtos de manufatura”, disse. Entre as medidas previstas pelo BNDES, segundo o ministro, estão a retomada dos trabalhos de uma comissão bipartite entre o Brasil e o país vizinho.
O financiamento a importadores, disse o vice-presidente, é parte da tríade definida pelo presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, para o mandato, que inclui ainda economia verdade e inovação, essa última por meio da digitalização. Segundo Alckmin, “o BNDES pode buscar recursos lá fora”.
“É importante ter um programa para ajudar a exportação porque nós estamos falando de emprego dentro do país. O comércio exterior é importantíssimo, cada vez mais relevante, e tudo o que pudermos fazer para fortalecer, e não é só exportação, é importação também, [vamos fazer].”
Diante da diretoria da Fiesp em São Paulo, Alckmin também disse que o presidente Lula “já disse que não vai revogar nem a reforma trabalhista, nem a previdenciária.” A manutenção das mudanças feitas na legislação trabalhista em 2017 foi um dos pedidos feitos pelo presidente da Fiesp, Josué Gomes, ao abrir a reunião.
Foi durante a gestão de Michel Temer (MDB), presidente do conselho superior de estudos nacionais e políticos da Fiesp, que a reforma trabalhista foi aprovada no Congresso Nacional.
Josué disse que o setor industrial aceita discutir aperfeiçoar as regras vigentes, mas defendeu a importância de não “voltar a pontos do passado que foram avanços”. “Estamos abertos [a discutir], desde que não haja retrocesso.”
Alckmin também voltou a defender a importância de aprovar uma reforma tributária. Segundo ele, é necessário aproveitar a legitimidade do primeiro ano do mandato para colocar em votação uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que reorganize o sistema de impostos do Brasil, a que ele classificou como um “cipoal tributário”.
As PECs demandam um quórum qualificado para serem aprovadas, com 2/3 dos parlamentares.
Na semana passada, a possibilidade de revogação do corte de 35% do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) colocou setores da indústria e do setor de serviços em alerta, uma vez que isso chegou a ser colocado na pauta do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como uma das medidas que seriam incluídas no pacote fiscal anunciado na semana passada.
“Tinha possibilidade de ser cancelada a redução de 35%. Conseguimos cancelar isso, não foi incorporado e a próxima meta é acabar com o IPI, e acabar com o IPI é a reforma tributária.”
JOSUÉ É UM GRANDE INDUSTRIAL, GRANDE LIDERANÇA, DIZ ALCKMIN
O vice-presidente veio à Fiesp em um dia decisivo para o presidente da entidade, Josué Gomes. Nesta segunda, a federação se reúne em uma assembleia que poderá terminar com a destituição de Gomes.
Questionado se apoiaria a permanência do presidente da federação paulista, Alckmin disse que o assunto era interno da Fiesp, mas ressaltou ter “enorme apreço” por ele.
“Josué é um grande industrial, grande liderança. Espero que isso logo se resolva, é importante estarmos unidos. Vamos fortalecer esse laço com a Fiesp para podermos caminhar pela recuperação da industria, valor agregado, emprego e salário mais alto.”
Fonte: Folha de S. Paulo
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