Plano da Americanas é rechaçado pelos bancos credores
A Americanas e bancos credores ainda parecem distantes de um consenso na busca de uma solução para a varejista. Em reunião tensa na manhã desta quinta-feira, as instituições financeiras rechaçaram a proposta apresentada pela companhia, pouco mais de um mês após a eclosão da crise na empresa com a revelação de um rombo contábil de R$ 20 bilhões.
O encontro colocou na mesma sala representantes dos bancos, que ouviram juntos o plano da Americanas. Foi levada à mesa uma oferta de capitalização de R$ 7 bilhões a ser feita pelos acionistas de referência— Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira — bem abaixo dos R$ 15 bilhões apontados pelos bancos como o mínimo necessário para começar a se resolver o problema da empresa. O desenho também prevê a conversão de R$ 18 bilhões da dívida total da empresa em ações e em dívida subordinada, aquela que fica no fim da fila em um eventual processo de insolvência. A oferta inclui ainda a recompra de R$ 12 bilhões em dívidas.
Segundo fontes próximas aos bancos, o acordo sugerido prevê, na prática, um deságio de pelo menos 60% para bancos e detentores de debêntures e bônus, com pagamento em cinco anos. Fora desse acerto, apenas os fornecedores teriam um desconto menor, mas que deve ser de no mínimo 20%.
Do lado da Americanas, participou Luiz Muniz, do banco de investimento Rothschild, contratado para intermediar as conversas com os bancos. Também esteve presente Roberto Thompson, sócio da gestora 3G, representando o trio de acionistas de referência.
A proposta foi considerada muito ruim pelos bancos, que saíram frustrados do encontro. As negociações entre as partes seguem, assim, em clima bélico, com brigas sucessivas no Judiciário.
Marco Geovanne, vice-presidente de gestão financeira do Banco do Brasil (BB), abandonou a reunião no meio. Os presentes ficaram com a impressão que o executivo tinha achado a proposta descabida.“Minha vontade foi de aplaudir quando ele saiu”, disse um dos participantes da reunião. Outro representante do BB, porém, ficou até o fim. Geovanne teria saído pois tinha outro compromisso.
“Péssima” e “frustrante” foram algumas palavras usadas por executivos dos bancos para descrever a proposta. Isso porque, apesar da expectativa, a oferta pouco avançou em relação à que foi apresentada no dia 13 de janeiro, quando o trio acenou com uma capitalização de R$ 6 bilhões, mais conversão de dívidas.Para uma fonte, a sensação é a de que não há esforço para se chegar a uma proposta aceitável. Outro interlocutor avalia que a empresa caminha a passos largos para a falência.
É praxe, em negociações do tipo, que ninguém coloque todas as cartas na mesa de uma vez. Já era esperado pelos bancos que não viesse uma proposta final. No entanto, o que foi oferecido ficou muito aquém do que imaginavam. Procurado pela reportagem, o trio de acionistas não se manifestou.
Fonte: Valor
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