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Sistema financeiro internacional é ‘um fracasso’, diz secretário-geral da ONU

O secretário-geral da ONUAntónio Guterres, denunciou nesta quarta-feira (12) o “fracasso” de um sistema financeiro internacional que permite que 3,3 bilhões de pessoas vivam em países onde os governos gastam mais com o pagamento de juros da dívida externa do que com educação ou saúde.

“Metade do nosso mundo afunda em um desastre do desenvolvimento, alimentado pela esmagadora crise da dívida”, disse Guterres, ao apresentar um relatório sobre o estado da dívida no mundo.

“Em torno de 3,3 bilhões de pessoas, cerca de metade da população [mundial], vivem em países que gastam mais com o pagamento de juros de suas dívidas do que com educação ou saúde”, lembrou.

Essas dívidas insustentáveis estão concentradas em países pobres e “não são consideradas um risco sistêmico para o sistema financeiro global”, acrescentou.

“É uma miragem. 3,3 bilhões de pessoas são mais do que um risco sistêmico, são um fracasso sistêmico”, disse ele.

Segundo o relatório “Um mundo de dívidas”, o total da dívida pública mundial subiu para US$ 92 trilhões em 2022, cinco vezes mais do que em 2000, quando registrou US$17 trilhões.

Os países em desenvolvimento têm 30% dessa dívida, que aumenta mais rápido porque os juros que pagam são cada vez altos, apesar de a dívida cair em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).

Do total, 52 países -cerca de 40% do mundo em desenvolvimento- “têm problemas significativos de dívida”, lembrou Guterres, que vem pedindo, sem sucesso, uma reforma das instituições financeiras internacionais.

“É um resultado da desigualdade intrínseca de um sistema financeiro mundial obsoleto, que reflete as dinâmicas coloniais da época em que foi criado”, afirmou.

Segundo a secretária-geral da UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), Rebeca Grynspan, a composição dessa dívida dos países em desenvolvimento evoluiu, disse .

Em 2010, os credores privados representavam 47% da dívida externa dos países em desenvolvimento, mas, em 2021, esse percentual subiu para 62%.

“Embora essas fontes privadas possam fornecer liquidez vital para os países, os termos costumam ser menos favoráveis, e isso torna a reestruturação mais complexa, e a dívida pública, mais cara”, comentou.

Fonte: Folha de S. Paulo

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